Temporários
Congresso
A situação dos servidores temporários de todo o País
deve entrar em discussão na Câmara dos Deputados na manhã de hoje. Está
prevista uma reunião entre as lideranças partidárias e os representantes de
nove Estados da Federação para pressionar a inclusão da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 054/99 na pauta de votações. Apesar de ter sido
apresentada no ano de
Os deputados federais discutem a proposta que trata da garantia de direitos trabalhistas dos servidores
públicos temporários que foram contratados sem concurso público, mas que atuam
há pelo menos dez anos na função. O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) se comprometeu a dar uma posição oficial
se a Casa vai colocar PEC 054/99 - que regulariza a situação destes servidores
- em pauta ou não. O prazo acertado iniciaalmente com Chinaglia
expira dentro de uma semana. A reunião de hoje entre os líderes dos partidos
será o termômetro para medir se o Presidente da Câmara cumprirá sua palavra.
'Farei alguns contatos na Casa Civil e com o governo federal nestes próximos
dias. Espero surpreendê-los pautando esta matéria', afirmou Chinaglia
ao deputado federal paraense Zequinha Marinho (PSC).
De acordo com Marinho, a situação dos funcionários do
Estado é um problema que se arrasta há mais de três anos e que deve ser
resolvido, considerando que eles chegam a ter mais de 20 anos de trabalho
dedicado ao serviço público. 'Isto significa que o servidor tem conhecimento e
prática sobre as atividades que desenvolve. Precisamos aproveitar esta
mão-de-obra que, durante muito tempo se dedicou ao Estado e absorvê-las, uma vez
que é, no mínimo, contraproducente substituir estes funcionários', alega.
Assim que a PEC entrar na pauta de votações, será
apreciada também a emenda aglutinativa apresentada pelo deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA). Pela emenda, quem tiver completado
dez anos de prestação de serviço público mesmo sem concurso neste ano de 2007
será incluído na garantia de manutenção do emprego proposta pela emenda. 'Assim
que a PEC for a plenário, é o momento que vou dar entrada com a emenda
aglutinativa, que visa estabilidade retroativa às contratações desde o ano de
1996', afirma. Ainda de acordo com Zenaldo, a emenda
já possui mais de 200 assinaturas de adesão dos deputados que compõe a atual
legislatura e deverá ser aprovada em conjunto com a PEC 054.
Apagão- A presidente
da Associação dos Temporários do Estado do Pará (Astepa),
Regina Braga, relembrou que pelo menos 18 Estados passam por esta dificuldade e
afirmou que a realização de concurso público não soluciona o problema. 'O Pará
tem mais de 11 mil temporários, precisamos considerar este número e regularizar
esta situação'. No entendimento da Astepa, caso haja
demissões, a própria máquina pública ficará desestabilizada, pois terá uma
súbita redução de mão-de-obra para seu pleno funcionamento.
Zenaldo
Coutinho, que também é o vice-líder da oposição no Congresso, alerta,
entretanto, que enquanto não houver consenso dentro do Congresso acerca da
instalação da CPI do Tráfego Aéreo, não haverá votação nenhuma em plenário.
'Estamos em obstrução total dos trabalhos pelo prazo de, pelo menos, duas
sessões plenárias (até terça-feira da semana que vem)', afirma o deputado
tucano. Nesse caso, a PEC dos Temporários terá de esperar mais um tempinho.
Receptividade renova esperança
A boa receptividade do presidente da Câmara dos
Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), renovou as
esperanças dos servidores temporários do Estado de ver aprovada a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) que dá estabilidade aos servidores públicos não-concursados com mais de dez anos de serviço. No último
dia 8 de março, representantes de temporários dos estados de Goiás, Tocantins,
Minas Gerais, Acre, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Pará e São Paulo estiveram
com Chinaglia em Brasília. 'Esses nove Estados
representam um grupo de aproximadamente 250 mil servidores, metade do total de
temporários distribuídos pelos Estados brasileiros', explica Suzete Bahia Cardoso, uma das representantes do Pará no
encontro. A PEC, caso seja aprovada, beneficiará perto de 80% do total de
temporários.
No Acre o número de servidores nesta condição chega a
11 mil. No Pará, são 21 mil. 'A demissão dessa massa de trabalhadores
representa um grave problema social principalmente porque muitos já estão com
mais de 40 anos e terão dificuldade para se recolocar no mercado', diz Suzete. Os temporários sabem que a entrada da proposta na
pauta de votações do Congresso Nacional não é garantia de aprovação. Por isso
as moblizações em nível nacional continuam. 'Daqui a
duas semanas voltaremos a ter uma reunião com o presidente da Câmara e, dessa
vez, esperamos levar representantes de pelo menos 15 dos 18 Estados onde existe
o problema', afirma Suzete.
'No caso do Pará, contamos com o apoio de todos os
deputados que compõem a bancada do Estado em Brasília', explica Tamar Dias, outra representante do movimento.