(A má formação do aluno repercute na sociedade. O advogado tem em mãos
o patrimônio, a honra e a liberdade do cliente. Se ele não está minimamente
preparado, é um desastre. Temos de evitar que esse bacharel venha a lesar o
cidadão).
A opinião é do presidente da seccional paulista da Ordem
dos Advogados do Brasil, Luiz Flávio Borges D Urso, que defendeu a aplicação
do Exame de Ordem em debate que participou no jornal Folha de S. Paulo.
Para o presidente da OAB-SP, a idéia do Exame de Ordem é
tão boa que deveria ser estendida a outras áreas profissionais. (O Exame de
Ordem em Direito não é novo, começou na década de 70. E já naquela época
foram detectados problemas de qualidade no ensino). Outras áreas
profissionais como medicina e engenharia estudam a possibilidade de, como no
Direito, aplicar um exame de habilitação profisisonal.
Também participaram do debate o secretário da Educação de
São Paulo, José Aristodemo Pinotti, o diretor da Faculdade de Direito da
PUC-SP, Dirceu de Mello, o diretor da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni
Guido Cerri e o jornalista Gilberto Dimenstein. As
informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O debate girou em torno do tema: (É positiva a aplicação de
exames que verificam o aprendizado do universitário formado, como faz a OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil)?).
Pinotti, D Urso e Dirceu de Mello,
defenderam a aplicação da prova e disseram que a sociedade não pode
ser prejudicada pela atuação de profissionais com má formação acadêmica.
O diretor da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni Guido Cerri, foi a voz distoante na discussão. Para ele, o exame pode levar a
uma acomodação, o que evita as mudanças necessárias para melhorar o ensino
superior. Além disso, segundo Cerri, a reprovação
prejudica o aluno que não sabe da qualidade da faculdade quando resolve
entrar na escola.
Houve consenso entre os especialistas de que o maior
problema do ensino superior é o grande número de novas faculdades que, em boa
parte, não têm qualidade. Eles culparam o Ministério da Educação pelo fato.
Segundo Dirceu de Mello, o estado de São Paulo tem cerca de
200 faculdades de Direito. (Esse alto número obviamente tem reflexo na
qualificação dos professores, pois é necessário um grande recrutamento de
docentes. Com isso, cai o nível daqueles que vão ensinar e também cai a qualidade dos estudantes), afirmou.
Durante o debate, o presidente da OAB-SP disse que,
atualmente, não passaria no exame de ordem. D Urso afirmou que isso é normal,
uma vez que a prova verifica o aprendizado em diversas áreas do direito e ele
se especializou em uma, a penal. Segundo D Urso, a prova exige conhecimentos
mínimos para o estudante entrar no mercado de trabalho.
Já o secretário municipal de Educação de São Paulo afirmou
que tentou resolver o vestibular que sua filha fez. Se fosse candidato,
contou, teria sido reprovado. Pinotti, na época, era professor titular de
medicina na Unicamp.
Para Pinotti, (o exame de ordem é o cumprimento de uma
obrigação do Estado de defender a população dos maus profissionais).
A prova da OAB, a mais tradicional do país, vem tendo alto
nível de reprovação. Em São Paulo, por exemplo, ficou em 92,84% no último
teste deste ano com resultado divulgado. Os bacharéis em direito só podem
exercer a advocacia se conseguirem a aprovação no teste.
Revista Consultor Jurídico, 12 de julho de
2005
|